SOBRE A PROFISSÃO
O CONSTRUTOR ARTISTA
Antigamente, o arquiteto era muitas vezes também artista, construtor, pintor, escultor, entre outros. Não havia distinção entre a atividade do projeto (e suas ramificações) e a execução do mesmo; tudo era subordinado à mesma figura: o mestre-construtor. Isto ocorreu até o Renascimento (final do século XV a meados do século XVI) onde a linha de pensamento sofreu modificação. O Renascimento foi um movimento cultural, social, artístico, religioso que surgiu na Europa (principalmente na Itália) e que marcou a fase de transição da Idade Medieval para a Idade Moderna. Este movimento representou uma profunda ruptura no modo altamente teocêntrico e mergulhado no fanatismo religioso para o despertar de uma esfera materialista e antropocêntrica inspirada nos antigos valores greco-romanos. Foi um período no qual houve a mudança do Divino para o Humano, surgindo assim, o Humanismo. A partir de então, a Humanidade voltou seus olhos à parte mais lógica – técnicas mais matemáticas – e ramificou-se o campo de atuação do mestre construtor: temos o arquiteto (elabora e executa projetos fazendo a junção entre a funcionalidade, custo-benefício, material, usuário, plasticidade e estética), o engenheiro (elabora e executa projetos através de preceitos de técnicas e lógica), o artista, o escultor, o pintor, o operário, entre outros.
A PROFISSÃO
O arquiteto e urbanista é o profissional tecnicamente capacitado através dos conhecimentos adquiridos na academia e no acompanhamento das execuções das obras em inteligência espacial, sendo assim, competente para observar, interpretar e compreender o processo de desenvolvimento, planejamento e elaboração das cidades, das paisagens e das edificações como um todo. Dessa forma, ele vincula a funcionalidade, às necessidades do (s) usuário (s), o emprego de materiais, os avanços tecnológicos, o aproveitamento responsável dos recursos naturais (sustentabilidade), a qualidade estética juntamente ao custo-benefício, gerando por fim um produto de qualidade: o projeto. Logo, elaborando e administrando com qualidade e responsabilidade, seja desta forma então atendida às expectativas do (s) contratante (s), do (s) usuário (s), da cidade e do meio ambiente.
A profissão existe formalmente no Brasil desde a fundação da Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, no início do século XIX. Em 1921, no Rio de Janeiro, surgiu a primeira organização de classe titulada Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) já objetivando discutir os direcionamentos da profissão e a crescente urbanização no País. Através do Decreto Federal N° 23.569, de 11 de dezembro de 1933, o então presidente Getúlio Vargas, criou o Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CONFEA) que regulamentava o exercício das referidas profissões até a criação da Lei N° 12.378 de 31 de dezembro de 2010, sancionada pelo presidente da república, Luís Inácio Lula da Silva, que instituiu o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU BR).
De acordo com o CAU, há no País mais de 160 mil arquitetos urbanistas registrados.
A MATRIZ CURRICULAR
A seguir, um exemplo da matriz curricular que o estudante de Arquitetura e Urbanismo possui durante a graduação. Importante considerar que a quantidade, a nomenclatura e a discriminação do assunto varia de acordo com a instituição:
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Introdução à Arquitetura e Urbanismo
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Cidade, Segurança e Saúde
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Desenho e Meio de Representação e Expressão
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Estética e História da Arte
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Teoria e História da Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo
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Geometria Descritiva
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Desenho Arquitetônico e Perspectiva
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Estudo Volumétrico Arquitetônico
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Acessibilidade e Desenho Universal
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Produção Audiovisual Ligada à Arquitetura e Urbanismo
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Estudos Sociais Aplicados à Arquitetura e Urbanismo
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Planejamento Territorial, Ambiental e Urbano
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Topografia e Geomorfologia
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Materiais e Técnicas Construtivas
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Técnicas Retrospectivas e Preservação do Patrimônio Histórico-Cultural
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Conforto Ambiental e Eficiência Energética - tratamento acústico
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Conforto Ambiental e Eficiência Energética - insolação e ventilação natural e forçada
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Conforto Ambiental e Eficiência Energética - iluminação natural e artificial
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Conforto Ambiental e Eficiência Energética - ergonomia
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Sistemas Estruturais - concreto armado
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Sistemas Estruturais - madeira
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Sistemas Estruturais - metálica
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Planejamento de Instalações Elétricas
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Planejamento de Instalações Hidrossanitárias
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Elaboração e Planejamento de Projetos de Arquitetura de Interiores
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Concepção de Projetos Integrados de Arquitetura de Edificações, Arquitetura Paisagística e de Urbanismo - residência unifamiliar (casa)
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Concepção de Projetos Integrados de Arquitetura de Edificações, Arquitetura Paisagística e de Urbanismo - hotel
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Concepção de Projetos Integrados de Arquitetura de Edificações, Arquitetura Paisagística e de Urbanismo - edifício híbrido (uso comercial e residencial)
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Concepção de Projetos Integrados de Arquitetura de Edificações, Arquitetura Paisagística e de Urbanismo - escola
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Concepção de Projetos Integrados de Arquitetura de Edificações, Arquitetura Paisagística e de Urbanismo - clínica
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Compatibilização e Gerenciamento de Projetos
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Meio Ambiente, Sustentabilidade e Energias Renováveis
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Segurança do Trabalho, Normas Regulamentadoras e Perícia
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Empreendedorismo e Negócios
O CONSELHO DE ARQUITETURA E URBANISMO
O Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR) e os Conselhos de Arquitetura e Urbanismo das Unidades da Federação (CAU/UF) foram criados pela Lei 12.378, de 31 de dezembro de 2010, após inúmeras audiências públicas na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, e sancionada pelo então presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que regula o exercício da profissão no país. São autarquias federais com autonomia administrativa e financeira e estrutura federativa e têm objetivo principal de regular o exercício da profissão de arquiteto e urbanista no Brasil. Executa-o principalmente por meio da edição de normas, como o Código de Ética para Arquitetos e Urbanistas; emissão de registros profissionais, registros de responsabilidade técnica, certidões e outros; fiscalização das atividades de Arquitetura e Urbanismo; e ações de promoção da Arquitetura e Urbanismo.
O CAU foi fundado para atender a uma demanda antiga dos arquitetos e urbanistas brasileiros que era a de ter um conselho profissional próprio (desmembrando então do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia - Confea CREA), onde eles mesmos pudessem definir os rumos de sua profissão e asseverar as competências do exercício da mesma.
ÁREAS DE ATUAÇÃO
A Resolução N° 21, de 5 de abril de 2012, do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU BR) dispõe sobre as atividades, atribuições e campos de atuação profissionais do arquiteto e urbanista:
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Projeto
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Execução
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Gestão
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Meio Ambiente e Planejamento Regional e Urbano
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Ensino e Pesquisa
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Atividades Especiais (laudos, vistorias, perícias, consultorias, assistência técnica etc)
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Engenharia de Segurança do Trabalho (apenas para especialização)
Dentre as áreas de atuação, encontram-se:
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Arquitetura de Edificações
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Arquitetura de Interiores
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Arquitetura Paisagística
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Arquitetura Efêmera e de Monumentos
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Urbanismo, Planejamento Territorial e Regional e Ocupação do Solo
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Sistemas Construtivos e Estruturais
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Conforto Ambiental
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Instalações e Equipamentos Prediais
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Topografia e Georreferenciamento
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Meio Ambiente
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Patrimônio Histórico-Cultural e Artístico
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Avaliação e Perícia de Imóveis
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Gestão
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Laudos e Relatórios
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Pesquisa e Ensino
Os principais tipos de arquitetura, quanto ao tipo de uso e ocupação do solo, divide-se em:
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Residencial (Unifamiliar e Multifamiliar)
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Comercial (Serviço e Escritório)
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Industrial
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Misto
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Corporativo
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Institucional
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Desporto e Lazer
Já a Resolução N° 51, de 12 de julho de 2013, do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU BR) especifica as atividades, atribuições e campos de atuação privativos dos arquitetos e urbanistas e os que são compartilhados entre estes e os profissionais.